O empreendedorismo feminino sempre fez parte da vida das mulheres. Se nos dias atuais isso é uma novidade, para as mulheres negras esse sempre foi uma estratégia de sobrevivência e acima de tudo atalho para a independência financeira.
Graça Machel em visita ao Brasil durante o Fronteiras do Pensamento nos trouxe um olhar sobre o impacto econômico da escravidão na vida das mulheres negras. Além de fazer uma análise sobre o ambiente empreendedor feminino em Moçambique, ela nos mostrou como a falta de investimentos nestas tem tido um impacto negativo para o crescimento de países que ignoram o potencial competitivo de startups lideradas por mulheres, em especial, negras.
Estudo promovido pela consultoria estratégica BCG, em parceria com rede global de aceleradoras MassChallenge, mostra que a desigualdade entre os gêneros no mundo dos negócios vai muito além do salário. A pesquisa revela que empresas fundadas por mulheres, ainda que deem mais lucro quando apresentadas a investidores, recebem significativamente menos recursos ou financiamento do que as dirigidas por homens. Quando fazemos o recorte de raça, essa disparidade se torna ainda maior e estabelece barreiras de grande impacto sobre o potencial de crescimento econômico destes modelos de negócio.
“é um absurdo que essas [mulheres] sejam ignoradas nos momentos de debates políticos, econômicos, sociais ou culturais”.
Graça aponta que essas barreiras em certos momentos, esteriliza a possibilidade destas passarem de micro e pequenas para médios e grandes negócios. É preciso quando se discute crescimento econômico, que se represente a nação inteira e neste sentido, não podemos ignorar essas empreendedoras por fatores como racismo e machismo. É um absurdo que empresas de propriedade feminina e negras, com desempenho melhor do que as dirigidas por homens não tenha acesso ao mesmo nível de apoio financeiro por esses alegarem pouca familiaridade com produtos e serviços de negócios fundados por mulheres.
Investir em negócios femininos e negros é importante não somente por todo o processo de barreiras enfrentado por esses, mas acima de tudo pela significativa contribuição que elas representam em suas economias. Fortalecer essas empresas é permitir que essas possam contribuir para aumento do emprego, melhoria do comercio regional e impulsionamento de atividade de novas empreendedoras. Estamos falando de mulheres que são reconhecidas por investir parte de suas rendas no bem estar familiar, pais idosos, educação diferente dos homens que pensam em como se tornar “ importantes “ para outros setores.
Essas analises mostram que, é preciso pensar uma nova abordagem sobre como potencializar negócios femininos e negros. Precisamos de instrumentos que exijam que os tomadores de decisão, leve em consideração que as mulheres também fazem parte da Nação. Sendo a maior parte da população, é um absurdo que essas sejam ignoradas nos momentos de debates políticos, econômicos, sociais ou culturais.
Não podemos continuar sendo vistas pelas instituições financeiras como alvo de investimentos arriscados e inviáveis. Construir analise aprofundadas e ações de combate a essas barreiras, é permitir que negócios dirigidos por mulheres possam atingir seu potencial completo de crescimento.
*Luciane Reis é publicitária, Especialista em Produção de Mídias para Educação Online e Idealizadora do Merc’Afro.