Empreendedoras negras inovam no mercado de festas infantis

Casal une amor e aptidões profissionais em empresa que une várias linguagens artísticas. 

Mariana Gomes | A Lista Negra
gomes@alistanegra.com.br

Lua cheia é sinônimo de céu claro. Que faz não apenas as crianças, mas também os adultos a admirarem a beleza e simplicidade do azul com olhar curioso. Desta mesma maneira, a Lua Cheia Produções Artísticas encanta à todos e todas que conhecem o trabalho da empresa que proporciona sensibilidade para o lúdico, através da produção cultural de apresentações e maquiagens artísticas voltadas para o mercado de festas infantis.

A empresa que funciona como um palco iluminado de artes, como Teatro, Dança, Circo, Música e Artes Visuais, é montado por Luciana Rocha, 33, diretora artística de formação, arte-educadora e produtora cultural e por Laís Abreu, 27, atriz, maquiadora e artista visual. “Um desejo profundo de gerar renda a partir do que gostamos e sabemos fazer de maneira criativa e inovadora”, conta Luciana.

“não tínhamos de fato nenhum capital para investimento e foi aí que veio a ideia do Camarim Andante”.

O diferencial está no investimento em cuidado e apuro, seja nas produções de eventos e artistas, assim como no processo de maquiagem dos erês. Dispõe ainda de uma proposta lúdica pedagógica, parte em que as idealizadoras se debruçam fundamentalmente. “Levamos em consideração o resgate à infância, assim como o desenvolvimento cognitivo e psicomotor no ato de brincar”. A partir daí são ofertados, por exemplo, maquiagens com formatos diversos, detalhamento e esmero a fim de envolver as crianças na dinâmica artística.

Luciana e Laís, além de companheiras nos negócios e nas artes, são parceiras no amor. “Penso que o Teatro foi a arte que nos aproximou e que cruzou os nossos caminhos para o desenvolvimento e ampliação do nosso olhar sobre gerenciamento de carreiras. Quanto ao amor, é coisa sem explicação, é bem querer imenso e vontade de conquistar o mundo”, explica Rocha.

Para a Lua Cheia, ambas utilizaram como estratégia inicial projetos como Camarim Andante, vendendo pinturas e maquiagens artísticas em espaços públicos, parques, feiras, eventos festivos, sendo a primeira experiência no carnaval de 2014. Com o conhecimento que já tinham individualmente em formação a direção artística, produção e venda de atividades ligadas às artes cênicas, atuação e artes visuais, aliaram também a criação da marca.

Assim puderam criar e imprimir seus primeiros materiais gráficos, ficando na mente das pessoas dos lugares que espalhavam arte. “Não tínhamos de fato nenhum capital para investimento e foi aí que veio a ideia do Camarim Andante. Fomos investindo timidamente à proporção que podíamos para comprar materiais para formatação de novas atrações e organização do ateliê onde muitos projetos são desenvolvidos”, afirma a diretora artística.

A Lua Cheia Produções Artísticas já animou eventos de grandes marcas privadas e, também, de governo. Na foto acima, ação do circuito oficial do Carnaval 2018 de Salvador (BA). Foto: Divulgação

Além das maquiagens, a Lua Cheia produz obras em diversas linguagens artísticas, compostas por um elenco de artistas diversificados e qualificados. Além do apoio mútuo das duas, a confiança dos artistas que fazem parte da trupe da Lua Cheia, é apoio base do empreendimento das baianas.

Laís em ação. Foto: Divulgação

A Lua Cheia consegue então fazer com que Luciana e Laís vivam da arte. Durante algum tempo o sustento delas aconteceu exclusivamente do retorno financeiro da Lua Cheia. Hoje, mesmo com a empresa num patamar mais avançado e maior, Luciana nos conta que ser arte educadora no Programa Corra pro Abraço, complementa a renda dentro de casa. “Passamos por muitos “perrengues” e momentos muito mais difíceis no início, sobretudo porque ainda não atendíamos empresas como hoje, o fluxo de clientes era muito menor e a pouca renda que conseguíamos era mesmo para pagar as nossas contas, para arcar com as despesas da vida”. 

As duas aconselham que quem trabalha com criatividade precisa anotar as tempestades de ideias para sistematizá-las, botar e “persistir”. O mercado que estamos e vislumbramos alcançar muito mais é bastante elitizado. Viemos de uma realidade muito desfavorecida. Vivemos no Nordeste de Amaralina, somos mulheres negras e percebemos muito espanto das pessoas. Como elas conseguem essas coisas megalocênicas acontecerem? É pondo em prática o que sabemos fazer, independente do olhar e estigma que a sociedade deposita sobre nós. É um trabalho de resistência, mas uma delícia diária fazer o que sabemos”, explica Luciana.

Colaborou na edição Midiã Noelle/A Lista Negra. 

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