Empreendedora baiana cria biojóias inspiradas na ancestralidade negra e indígena

Luana Bonfim desafiou a família e largou emprego para investir na própria marca. 

Mariana Gomes | Redação
gomes@alistanegra.com.br

Quais são suas referências de beleza? A baiana Luana Bonfim é dona de um negócio que desafia e supera os padrões do belo em grande estilo. Há treze anos no mercado de jóias com a marca Preta Brasil, o diferencial da designer está na criação estética que tem como referências as ancestralidades negras e indígenas do território brasileiro.

Para resgatar e honrar suas raízes, o Preta Brasil cria biojóias a partir de madeiras caídas, recolhidas em cidades na Chapada Diamantina, Bahia. Além de ter baixo impacto no meio ambiente se comparada à extração comum de madeira, a matéria prima vêm de terras baianas com energia e beleza da caatinga e da serra. “Tento mostrar através dos adornos essa minha força, a nossa força, a força dos nossos ancestrais”, explica Bonfim.

“Os altos e baixos de mercado, das estações, separar o financeiro pessoal e da empresa… Foram coisas demoradas de aprender e ainda estou aprendendo”.

 

Colar pensado pela designer. Foto: Divulgação

Formada em desenho industrial, Luana Bonfim conta que em um determinado momento de sua carreira estava insatisfeita. Em 2005 a soteropolitana sentiu necessidade de criar produtos que dialogassem melhor com seu repertório de vida. E percebeu na possibilidade de retratar as histórias das comunidades negras e indígenas do nosso Brasil, o objetivo do seu negócio. Foi então que apostou neste caminho para compartilhar sua visão de mundo com outras pessoas através do design das biojóias.

Assim como na realidade de muitos empreendedores e empreendedoras, o Preta Brasil é totalmente gerenciado por Luana, sua idealizadora. Do financeiro, à distribuição, passando pelo design. No começo da trajetória da marca Luana encontrava a validação por meio de colegas do antigo trabalho, mas não da família, que teve certa resistência, pois preferia que estudasse para se tornar funcionária pública. Felizmente ela optou pelo que a faz feliz, que é ter o próprio negócio. Hoje, junto aos adornos, o Preta Brasil aposta também em coleções de vestuário, uma mudança relevante na história da empresa. “Comercializo minhas peças em lojas parceiras e pela Internet. Também participo de feiras de exposição e recentemente montei um ateliê no bairro de Pernambués, onde moro, em Salvador (BA). Aqui recebo bem meus clientes de forma confortável e sem custos adicionais”, conta a artesã.

Luana, 35, deixou trabalho no Polo Petroquímico para investir a Preta Brasil. Foto: Divulgação

 

Bonfim não esconde que o processo de crescimento, principalmente solitário de início, foi e continua a ser desafiador. “Não é fácil ser empreendedor. Isso é fato. Os altos e baixos de mercado, das estações, separar o financeiro pessoal e da empresa… Foram coisas demoradas de aprender e ainda estou aprendendo”. De tanto fazer e aprender com os erros, a designer encontrou na resiliência e criatividade uma maneira de se afirmar, desenvolvendo para si a natureza de ser “batalhadora”, como ela mesmo descreve – maneira de ser e estar tão recorrente na vida de mulheres no Brasil, principalmente negras e indígenas.

A empreendedora nos conta ainda que ao lado do trabalho duro, acreditar é primordial para vencer barreiras, principalmente do começo. “Me alimenta ver clientes agradecendo e dizendo ‘me sinto uma deusa usando Preta Brasil! Então, faça! Inicie! Porque se é verdadeiro e por amor, sempre flui”, incentiva.

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