Yan Ragede cria primeira loja multimarcas afro colaborativa do Brasil

Persistente no seu sonho, o empreendedor divide sua rotina entre a administração da loja Afrobox e o trabalho como motorista de Uber 

Mariana Gomes | Redação
gomes@alistanegra.com.br

Grandes lojas se apresentam muitas das vezes como uma alternativa mais barata para comprar roupas e outros objetos de uma vez só. O problema é que são raras as empresas em que consumidores negros não sejam perseguidos pela segurança ou passem por outros constrangimentos. Como seria então ir para um lugar receber bom atendimento, se identificar com os produtos e ter um contato mais direto com os produtores?

O soteropolitano Yan Ragede, 28, criou o Afrobox, a primeira loja multimarcas Afro Colaborativa do Brasil. A iniciativa diminui as distâncias entre empreendedores e consumidores, de forma a driblar o isolamento das marcas de empreendedorismo negro com o mercado, muitas vezes relacionadas a dinâmicas como o racismo.

“sei como o racismo me afeta, e eu uso o instrumento do empreendedorismo para quebrar essa lógica racista”.

O Afrobox funciona como espaço colaborativo, onde estão reunidos produtos de vestuário, artes e acessórios da moda afro brasileira de diversos empreendimentos negros. Para os empreendedores, os custos de distribuição e aluguel diminuem. Para os consumidores, além da identificação com a proposta dos produtos, é a oportunidade de conhecer a produção de diversos empreendimentos negros antes que o cansaço de bater perna e o desconhecimento nos leve à próxima loja de fast fashion – que não raro desrespeitam a individualidade das pessoas.

“O empreendedor negro possui muitas barreiras, e particularmente os que trabalham com moda e acessórios têm a dificuldade de locais adequados para escoamento dos produtos, existem muitas lojas colaborativas na cidade [de Salvador], mas normalmente são muito caras e não têm a identidade voltada a criações de arte e moda afro brasileiras”, nos conta o empreendedor.

Em sua proposta, que abriga a responsabilidade social e ambiental parceiros, Yan Ragede afirma que contou com o apoio de pessoas a empreendedora Karine Santos, Paulo Rogério, do Vale do Dendê, Adriana Barbosa, da Feira Preta. O Afrobox investe em produtos criativos e diversificados que destaquem corpos e estéticas negras enquanto políticas. “Eu como homem negro, sei como o racismo me afeta, e eu uso o instrumento do empreendedorismo para quebrar essa lógica racista. O Afrobox está ai para mostrar o potencial e os talentos negros da área da moda, que somos bons produtores, estilistas”, destaca Ragede.

 

“É extremamente importante que os grupos mais excluídos da sociedade se juntem, afinal se estamos coletivamente postos em uma situação histórica desfavorável, acredito que apenas coletivamente possamos sair dela”, nos conta Ragede.

Os desafios para o Afrobox atualmente são um aporte financeiro para investir sobretudo em recursos humanos. “A falta de  investimento e a dificuldade de acessar o crédito em banco, são barreiras muitos semelhantes ao empreendimentos negros. O Afrobox é um projeto pioneiro, e trabalhar com algo que é novidade  é um desafio muito grande, pois não têm referências de casos parecidos de sucesso, então o desafio se torna maior ainda”.

Hoje Yan também complementa a renda como motorista do Uber. A cada parada  não para de sonhar em crescer e potencializar os negócios de outras pessoas negras. Para isso investe nos estudos para desenvolver o que acredita. “Acreditem no seu potencial e busquem conhecimento e parcerias estratégicas que possam te ajudar a crescer o projeto, e siga e faça tudo com amor, que tudo flui”.

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