Há dois anos o baiano Edielson Alves dos Santos, mais conhecido como Edyblack, criou a Zumdoo. Nascido em Ipirá e criado na cidade de Retirolândia, o jovem de 28 anos tem a sua “terra adotada”, como berço de suas habilidades artísticas. Artista plástico autodidata, transforma madeira de shape de Skate em armações de óculos, relógios de pulso e porta-celulares. Ele não tem graduação ou qualquer formação na área das artes e mesmo considerando importante, não acha que seja fundamental. “Sou artista plástico. Não tenho o diploma, mas me considero artista plástico porque é o caminho que achei para expor minha arte, desenvolver minhas ideias, meus trabalhos. Do design até a conclusão. Tudo começa em um pensamento”.
Quando chegou em “Retiro”, cidade do sertão baiano, Edyblack tinha apenas quatro anos. Lá, ficou mais próximo da família do pai, no povoado de Vista Bela. Com os seus primos, cresceu pescando no açude, jogando bola de gude, subindo em árvore e, também, criando os próprios brinquedos. Eram bonecos de lama a carrinhos de madeira. Objetos simples que motivaram a sua veia criativa e hoje, a criação do seu próprio negócio.
Há quase dez anos morador do Rio Vermelho, bairro boêmio de Salvador, Edielson diz que a a ideia surgiu a partir de uma parceria com seu amigo Adelson Rodrigues, também de Retirolândia, que já é empreendedor e tem uma empresa com a irmã, a Magma Tortas. “Ele lida com clientes e já tinha a visão do mercado. Fui perguntando as coisas e Adelson foi me deixando por dentro. Uma pessoa fundamental para a Zumdoo. Como crescemos juntos, também queríamos um projeto que nos rendesse dinheiro e nos ajudasse a investir na comunidade”. Atualmente ele conta com o apoio direto de mais três pessoas na divulgação, administração e produção dos produtos: Jeane Alves Perelo, Daniel do Couto e Joalisson Benvenuto.
Edy desenha, pinta e borda, literalmente. Enquanto trabalhava como VJ, há pouco mais de dois anos, também costurava roupas, desenhava para imprimir em camisas e era tatuador. Foi quando surgiu a ideia da Zumdoo, que, segundo Edielson é a mistura da palavra Zumbi, em referência a Zumbi dos Palmares, em homenagem ao seu símbolo de resistência, e a palavra Vodoo.“Quando se fala nessa religião de origem africana, as pessoas sempre fazem associações com os ‘bonecos de vodoo como formas de atingir outras pessoas’. No meu caso, eu uso a arte para atingir você de uma forma positiva e sustentável”, disse.
Sobre ser empreendedor Edyblack destacou que sempre teve o desejo de trabalhar para si e ajudar outras pessoas. “Primeiro porque eu nunca dei sorte. Nunca me dei bem dentro de um espaço com pessoas sendo podadas, recebendo ordens, fazendo aquilo só por dinheiro. Queria fazer algo que tivesso gosto de fazer e desse renda pra mim. Por isso investi e acertei, junto com a galera que soma comigo (Adelson, Jeane, Joalisson, Daniel). É uma experiência nova para mim, por eu estar nessa função agora, mas a ideia é antiga. Sempre quis ser empresário, dono do meu próprio negócio e fiz isso”
Black contou ainda que não foi um caminho fácil, mas que desistir não é uma palavra válida. “No inicio foi um pouco apertado porque eu tinha que trabalhar em outras coisas para manter meu custo do mês, pagar minhas contas. A partir de 2015 ampliamos a divulgação da marca nas mídias sociais e também na Feira da Cidade, em que ficamos durante seis meses. Uma aposta muito boa. Ampliou nosso público. Agora em 2016 já compramos máquina. Segue manualmente, mas com ajuda do equipamento”. E finalizou com a seguinte conclusão: “a era de você chegar pensando em que curso vai cursar para entrar no mercado padrão, de ter um emprego com salário para viver sua vida, acho que já se foi. Você tem de acreditar em todos os sonhos e que você tem de apostar no que você sabe de melhor e tem de melhor. Estudar não é ruim. Mas se manter num padrão da sociedade que só foca em uma coisa é. Acho que a gente pode ser tudo, de advogado a artista plástico ao mesmo tempo. É preciso ir apostando até encontrar seu eixo”.
Texto elaborado pela jornalista Midiã Noelle e publicado na primeira versão do site A Lista Negra em 2017.